sábado, 13 de agosto de 2016

o nacional cançonetismo (1)

O NACIONAL CANÇONETISMO (1)

Carlos Ramos - "Não venhas Tarde"

Carlos Ramos foi um dos mais representativos fadistas/cançonetistas do chamado "Nacional Cançonetismo". O Nacional Cançonetismo era a música urbana que se cantava antes de entrarem em cena os renovadores e cantautores que vão surgir em meados da década de sessenta, servidos por programas radiofónicos como "Vigésima Quinta Hora", "Expresso da Meia Noite" "Rock em Stock" e muitos outros. Obviamente, o nacional canço...netismo designava a música módica, romanticista, bem comportada e inócua que marcou o panorama musical nacional, praticamente até 74. Cuidadosamente filtrada pela censura, as suas letras giravam à volta das coisas do amor romântico, da Família, de Deus, da Pátria e das touradas. É essa música soporífera que vou tentar trazer aqui durante as férias.

Carlos Ramos vai ter honras de abertura. "Não Venhas Tarde", de João Nobre (música) e Aníbal Nazaré (letra), é um fado/canção que nos fala de uma relação bígama, socialmente aceite à época, porém com uma moralidade a indicar o caminho mais abençoado da fidelidade conjugal.
As épocas é que ditam as canções, não são as canções que ditam as épocas. O poema, na sua componente conteudal, não pode, não deve ser analisado hoje com os actuais instrumentos de medida. Mas podemos olhá-lo formalmente e aí sim, saberemos da qualidade do autor da letra, qualidade essa que estava presente em quase todas as boas letras do denegrido nacional cançonetismo. Neste caso, as palavras "tarde" e "cedo" brincam connosco de esconde-esconde. Com alguma mestria, devo acrescentar.

https://www.youtube.com/embed/6Qvr87le6fk